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Antes de mais quero agradecer a vossa visita. A adega Travessia é mais um passo em frente na minha aventura Americana. Porém, nunca esquecerei as minhas raízes Portuguesas e Angolanas. Aliás, muito do que sou e faço tem uma forte ligação ao passado que vivi nessas duas terras do outro lado do oceano.

Loivos, aldeia onde aprendi os nomes das ervas daninhas, os cheiros da natureza e o sabor das uvas. Onde cheirei a matança do porco e bebi água fresca da fonte. Os transmontanos são as pessoas mais puras de todas que já conheci.

Ericeira onde pela primeira vez tive contacto com o mar. Ainda hoje tenho saudades das manhãs de Domingo em que ía até às rochas da beira mar apanhar mexilhões para o almoço.

Queluz, Monte Abraão… onde durante um curto espaço de tempo fui “puto do bairro”. Grandes jogos de futebol no alto do monte onde as balizas eram improvisadas com pedras e troncos de árvores. Jogos intermináveis onde haviam muitos golos mas nunca goleadas. Ainda hoje vejo o terceiro anel do falecido Estádio da Luz lá do alto do monte.

Luanda, a cidade onde nasci e pela a qual ainda hoje tenho uma enorme paixão… Aí vive os melhores anos da minha juventude. Aí aprendi a dar valor a tudo o que tenho hoje.

Dois países, duas culturas com as quais muito aprendi.

Hoje dedico-me a este projecto aqui na cidade de New Bedford, a “capital” Portuguesa dos Estados Unidos da America. A cidade que me abriu os braços a este grande país. Os meus vinhos não se comparam com os do Douro ou Alentejo. Não têm tradição nem relevo no mundo. Mas são vinhos autênticos. Vinhos que se bebem com os alimentos que se cultivam nesta terra e se pescam neste mar.

Fica aqui o convite a todo o mundo que fala esta língua – que nos venha visitar. Temos um copo reservado para si… e muitas histórias para lhe contar.

Um grande abraço… estamos juntos!

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“Há um tempo em que é preciso
abandonar as roupas usadas,
que já têm a forma do nosso corpo,
e esquecer os nossos caminhos,
que nos levam sempre
aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia;
e se não ousarmos fazê-la,
teremos ficado, para sempre,
à margem de nós mesmos”.

(Fernando Pessoa, in Vida Simples, edição 53, p. 69)

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